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quinta-feira, 28 de maio de 2015

MATURACÁ CLAMA POR MELHORIAS NA SAÚDE E ENERGIA ELÉTRICA


Considerado o município mais indígena do Brasil, nove entre dez habitantes de São Gabriel da Cachoeira são índios
Considerado o município mais indígena do Brasil, nove entre dez habitantes de São Gabriel da Cachoeira são índios (Euzivaldo Queiroz)
Os índios Ianomâmis da região de Maturacá, distante 150 quilômetros do município de São Gabriel da Cachoeira, clamam por melhorias nos setores de saúde e energia elétrica nas comunidades. De acordo com lideranças da etnia, faltam médicos, remédios e materiais no posto de saúde que atende os índios. A falta de energia também compromete o funcionamento das três escolas indígenas da região habitada por aproximadamente dois mil índios. Maturacá possuia, no censo 2010, 522 habitantes e a aldeia indígena de Ariabú, a menos de 2 km e situada dentro do município de Santa Isabel do Rio Negro, possuia 1.097 habitantes.
Na quarta-feira passada, o titular do Ministério da Defesa Jaques Wagner visitou o 5º Pelotão Especial de Fronteira (PEF) de Maturacá e vivenciou as dificuldades de logística enfrentadas tanto pelo militares, quanto pelos indígenas que residem na região. No encontro, tuxauas ianomâmis entregaram uma carta ao ministro, solicitando a instalação de sistema de energia solar, que não agride o meio ambiente.
Há pelo menos dois anos que os atendimentos hospitalares e aulas nas três escolas indígenas são realizados apenas com a luz natural. “Antes tinha uma microusina do batalhão. Mas deu problema no equipamento e agora estamos sem energia para as escolas, posto de saúde e para guardar nossos alimentos”, relatou o tuxaua Jorge Yanomami.
Os índios vivem na área conhecida geograficamente como “Cabeça do Cachorro”, região montanhosa da fronteira com a Venezuela. Um freezer que guarda os mantimentos perecíveis é ligado em um gerador fornecido pelo batalhão. O equipamento funciona à base de gasolina, que atualmente custa R$ 4,10 em São Gabriel da Cachoeira.
“Além de ser muito caro, ainda temos que pagar o frete de barco”, comentou o tuxaua, que fala a língua portuguesa com dificuldade. O acesso para as comunidades é via aéreo e fluvial. Além dos benefícios sociais, alguns professores indígenas são assalariados e é com este dinheiro que compram a gasolina para o abastecer o gerador.
“Todos colaboram para comprar a gasolina, mas sai muito caro, pois para manter toda a comunidade seria preciso gastar R$ 600 em gasolina por mês. Mas não dá para comprar tudo isso”, lamentou o pajé Miguel Yanomami.
Logística demorada
O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomâmi, Alberto Góes, informou que o Ministério da Saúde disponibiliza medicamentos, mas a logística é feita apenas duas vezes ao mês. “O medicamento é solicitado via relatório. Muitas vezes falta, mas não é porque não tem, e sim porque é preciso esperar a logística”. O envio de materiais acontece todo dia 14 e 29 de cada mês, e é através dessa logística de voo que os médicos e dentistas atendem a comunidade.
No resto dos dias, Alberto informou que a comunidade conta com uma equipe de técnicos em enfermagem e agentes de saúde indígenas. “Falta estrutura no polo base, conforme foi relatado pelos irmãos indígenas. Mas o distrito tem se esforçado para construir um mini-hospital, que já está em fase de conclusão. Ele terá uma estrutura de acordo com a realidade indígena, porque a preocupação com a cultura é muito grande”, completou Alberto, que também é da etnia Ianomâmi.
Em casos de média ou alta complexidade, os pacientes são levados para o Hospital de São Gabriel da Cachoeira, que atende o Sistema Único de Saúde (SUS) mas é administrado e conveniado com o Exército Brasileiro. Os males mais comuns entre os indígenas são a tuberculose, desnutrição, pneumonia e outras doenças infecto parasitárias.
Casa de Saúde Indígena
A Casa de Saúde Indígena (Casai) de São Gabriel da Cachoeira, distante 852 quilômetros de Manaus, dá suporte aos indígenas que vão para a cidade fazer tratamento de saúde. Mesmo necessitando de reforma estrutural, o local chega a alojar até 200 pacientes.
“O paciente vem doente da comunidade e não tem onde ficar abrigado, então nós damos esse suporte. Ele é internado e depois que recebe alta, finaliza o tratamento na Casai”, explicou a assistência social Geovana dos Santos.
O coordenador de enfermagem da casa, Franciney Nascimento, informou que atualmente existem 124 índios alojados, de 24 etnias diferentes. “As principais doenças são diarréicas e parasitórias. Temos um quadro de 54 profissionais, trabalhando todos os dias, em plantões de 12 horas, sendo um médico clínico geral e uma ginecologista obstetra”, comentou.
No Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira, 90% dos atendimentos são para indígenas.

Etnia
Os ianomâmis são índios que habitam o Brasil e a Venezuela. No Brasil somam 15 mil índios distribuídos em 255 aldeias. Ao noroeste de Roraima estão situadas 197 aldeias que somam 9.506 pessoas e ao norte do Amazonas existem 58 aldeias, com aproximadamente 6 mil índios.
O Pico da Neblina está localizado dentro da Terra Indígena Yanomâmi. Eles possuem lingua própria e tem como segundo idioma o português.
Fonte: Uol

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