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domingo, 25 de julho de 2010

REPUBLICA DO CUNANI, A HISTÓRIA QUE O BRASIL NÃO CONTA


A República do Cunani foi uma efêmera e caricata república surgida no atual Amapá, fronteiriço ao território francês da Guiana. Por duas vezes houve a tentativa de estabelecer uma república independente na região - uma por Jules Gross, em 1885, e a outra por Adolph Brezet em 1902.


1 1º República de Jules Gros
2 2º República de Adolph Brezet

1º República de Jules Gros
O atual território do Amapá se estende do Rio Amazonas ao Oiapoque, e a parte entre os rios Oiapoque e Araguari era contestada pela França. Enquanto o Brasil e a França não chegavam a um acordo na disputa territorial sobre a região, aventureiros e comerciantes de várias nacionalidades passam a explorá-la e afinal ali fundaram, em 1885, a República do Cunani, exatamente na região contestada pela França. A capital era a Vila de Cunani, que na época era habitada por 300 pessoas. O termo cunani vem do tupi: era como os índios chamavam o tucunaré, um peixe da região amazônica.

Os comerciantes escolheram como chefe do novo estado, o francês Jules Gros, integrante da Sociedade de Geografia Comercial de Paris e que foi nomeado presidente vitalício de Cunani.

O governo de Cunani, assim com seu ministérios, funcionava em Paris, na França. Emitiu selos e cunhou moedas - hoje raridades, muito procuradas por colecionadores. Foram criados também a bandeira, o brasão da república e até a condecoração Ordem da Cavalaria Estrela de Cunani, para premiar os simpáticos à causa. A concessão de tal ordem era vendida, sob a justificativa de arrecadar fundos para a nova república, o que rendeu bons proventos financeiros a Jules Gros.

Todavia, sem conseguir se organizar burocraticamente, Gros tentou obter o apoio do governo francês, que, ante o escândalo que representava tal aventura, resolveu acabar com ela. A república do Cunani foi extinta pelo governo francês, em 2 de setembro de 1887.

2º República de Adolph Brezet
Em 1902, houve outra tentativa de separação, desta vez promovida pelo francês naturalizado brasileiro Adolph Brezet, que tentou restaurar a República do Cunani. Começou a encaminhar ofícios à região de Cunani, comunicando uma nova proclamação, e as nomeações de Félix Antonio de Souza, Antonio Napoleão da Costa e João Lopes Pereira para seu ministério.

O plano de Brezet foi imediatamente denunciado por Daniel Ferreira dos Santos ao governo brasileiro,que rapidamente sufocou o movimento, enviando força policial à região. Todos os envolvidos foram presos, com a exerção de Brezet, que, como Jules Gros, dirigia seu movimento desde Paris. Depois das prisões em Cunani, Brezet se recolheu e nunca mais se ouviu falar dele.

Sobre essa iniciativa separatista, escreveu o Barão do Rio Branco, encarregado de defender os interesses do Brasil na disputa pelo território contra a França:

O "Estado Livre" de que se trata só existe nas ridículas publicações que fazem em Paris um embusteiro e desequilibrado de nome A. Brezet e os seus sócios, totalmente desconhecidos no território que dizem ter organizado e estar governando. O assento desse intitulado governo está em uns aposentos da Avenida Villiers, n. 70, em Paris. É uma república de comédia, como a primeira intitulada de Cunani, a qual só funcionou em Vanves, nos arredores de Paris, com a única diferença de que a atual empresa é mais prática, pois tem por fim extorquir dinheiro pela venda de condecorações da "Ordem da Estrela de Cunani" e por meio de um empréstimo que procura levantar, explorando a gente crédula ou ignorante. Consta que, ultimamente, a polícia francesa tomou providências para evitar que se aumentasse em França o número das vítimas desses ousados cavalheiros de indústria e de alguns homens de boa-fé que a eles se reuniram."

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